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Uma vacina para prevenir câncer? Sim, já existe…Gardasil!

Uma vacina para prevenir câncer? Sim, já existe…Gardasil!

A vacinação é uma das duas ações em saúde com maior eficácia na prevenção e controle de doenças infecciosas, ao lado do saneamento básico. Com a descoberta de que um vírus estava associado ao desenvolvimento de diversas formas de câncer, aumentou o interesse pelo desenvolvimento de uma vacina eficaz, com capacidade de prevenir essas doenças.

Papilomavirus humano (HPV) é o nome de um grupo de vírus que engloba mais de 200 tipos diferentes de vírus. A grande maioria infecta a pele, e pode causar a verruga comum. Cerca de 40 tipos podem causar infecção de mucosas, e eles são classificados de acordo com a sua capacidade de causar câncer.

Os tipos classificados como de baixo risco oncogênico (com pouca ou nenhuma capacidade de causar câncer), são os responsáveis pelas verrugas genitais, também chamados de condilomas. Os HPV tipos 6 e 11 são os responsáveis por cerca de 90% dos casos de verrugas genitais.

Aqueles tipos classificados como de alto risco oncogênico estão associados com alterações das células do colo uterino que antecedem o câncer (lesões pré-cancerígenas), na sua maioria detectáveis ao exame periódico de Papanicolaou. O Instituto Nacional de Câncer estima que em 2022 tenham sido diagnosticados cerca de 16.000 novos casos de câncer de colo do útero no Brasil.

Dentre os tipos de HPV considerados de alto risco oncogênico, o tipo 16 é responsável por cerca de 50% dos casos de câncer de colo do útero no mundo inteiro, e junto com o tipo 18 causam 70% desses casos. Cinco tipos adicionais (31, 33, 45, 52 e 58) estão relacionados com outros 15% a 20% dos casos. Além do câncer de colo do útero, a infecção pelo HPV também está associada aos cânceres de vulva, vagina, pênis, ânus e de garganta.

O vírus é transmitido pelo contato íntimo de mucosas. A infecção pelo HPV é muito comum, com alguns estudos indicando que cerca de 40% das mulheres já terá se infectado nos dois primeiros anos após o início da atividade sexual. A maioria das infecções se resolve espontaneamente em um a dois anos. Uma pequena proporção dos indivíduos desenvolve uma infecção persistente, que vai evoluir até o desenvolvimento do câncer muitos anos depois.

No Brasil há atualmente duas vacinas licenciadas para uso em meninas, meninos e adultos, dos 9 até 45 anos de idade, ambas do laboratório MSD: uma vacina quadrivalente que contém proteínas de quatro tipos diferentes de HPV (6, 11, 16 e 18) e uma vacina nonavalente, com as proteínas dos nove tipos mais frequentes (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58).

Na vacina não existe o vírus inteiro ou o seu DNA, mas apenas a proteína da superfície viral (proteína L1) de cada um dos tipos de HPV presentes na sua composição. Essas proteínas são produzidas utilizando-se uma moderna tecnologia de DNA recombinante, sem nenhum risco de contaminação pelo agente infeccioso. Assim, não há nenhum risco da vacina causar a doença.

As vacinas contra o HPV têm como objetivo a prevenção da infecção e consequente diminuição do risco do câncer. Ela não está indicada para o tratamento da doença. Mas indivíduos que já tenham se infectado por um tipo de HPV ainda assim se beneficiam da vacinação, pois a proteção para os demais tipos contidos na vacina permanece inalterada.

A vacina quadrivalente para o HPV faz parte do programa nacional de imunização (PNI) e está indicada para meninos e meninas com idade entre 9 e 14 anos. Se houver a opção da utilização de uma vacina com cobertura mais ampla, a vacina nonavalente está disponível nas clínicas privadas para pessoas de 9 a 45 anos de idade.

A resposta do sistema imunológico de crianças e adolescentes após a vacinação é muito mais intensa do que aquela obtida quando a vacinação é realizada em pessoas mais velhas. Assim, quando a primeira dose é administrada antes de se completar 15 anos, um esquema de duas doses é suficiente para se conseguir uma excelente proteção. Quando a vacina é aplicada em pessoas com 15 ou mais anos de vida, a indicação é da utilização de um esquema de três doses. Pessoas de qualquer idade que tenham alguma condição que possa interferir com uma boa resposta do sistema imunológico (quimioterapia, transplante de órgãos, uso de medicamentos imunossupressores, etc) devem receber o esquema de três doses.

Mais de 98% dos pacientes respondem à vacinação com a produção de anticorpos, e mesmo após 15 anos depois de vacinadas a maioria dessas pessoas persiste protegida para o câncer de colo do útero. A vacina contra o HPV foi introduzida na rotina de vacinação de adolescentes em vários países a partir de 2006, e desde então inúmeros estudos mostraram uma robusta diminuição da incidência das verrugas genitais e das lesões pré-cancerígenas em meninas e adolescentes vacinadas.

A vacina é muito segura e bem tolerada. A expressiva maioria dos eventos adversos relatados são reações no local da aplicação, tais como vermelhidão, dor e inchaço. Pela falta de dados de segurança, mulheres grávidas não devem ser vacinadas.

A vacinação para o HPV é uma ação simples, segura e altamente eficaz para a proteção contra o câncer, disponível para os adolescentes nas unidades básicas de saúde de todo o país, ou nas clínicas privadas, tanto para adolescentes quanto adultos. Tome uma atitude a seu favor, vacine-se!

MGV

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